O caos faz bem às startups, diz professor

Postado por: Carolina Nantes

São Paulo – Bob Caspe se diz um “viciado em empreendedorismo”. Ele abriu nada menos que oito empresas diferentes em 36 anos. “Eu sou viciado em ser um empreendedor e amo estar com jovens empreendedores entusiasmados, oferecendo a ajuda que eu puder”, diz Caspe.

Depois de cinco anos como professor adjunto do programa de MBA da Babson College, uma das mais renomadas universidades do mundo quando o assunto é empreendedorismo, Caspe dedica-se nos últimos meses a um novo empreendimento, o Internacional Entrepreneurship Center (IEC). “Estamos buscando influenciar quantas startups pudermos”, conta.

Em passagem ao Brasil para uma série de palestras, o especialista falou com exclusividade a Exame.com sobre a importância de deixar o medo de lado na hora de empreender, de parar de olhar só para si mesmo para criar soluções e de como uma dose de caos pode ser benéfica para uma startup.

Exame.com – Com base na sua experiência, o que os bons empreendedores têm em comum?
Bob Caspe –
 Espírito de aventura e falta de medo. Muitos que escolhem o empreendedorismo o fazem porque, francamente, não gostam ou não podem trabalhar para outras pessoas. Qualquer um pode ser empreendedor. A chave é abraçar o estilo de vida de aventura e descoberta e perder o medo do fracasso. Uma vida empresarial vai ter muitos sucessos e fracassos e eles não são a parte importante. É tudo sobre o caminho e não sobre o destino.

Exame.com – Você defende uma dose de caos para quem está começando um negócio. Como o isso pode ser útil e importante para startups?
Caspe – 
Caos é útil na medida em que, por vezes, aparecem grandes oportunidades do nada, como estar sentado em um avião ao lado de um grande cliente em potencial. O mais importante, no entanto, relativo ao caos, é que as pequenas empresas são muito frágeis e não podem suportar muitas catástrofes. Assim, as startups devem incluir em suas estratégias métodos básicos de sobrevivência para ficarem preparadas para estes momentos.

Exame.com – Como os empreendedores podem identificar problemas nos seus negócios?
Caspe –
 O melhor método que eu encontrei é simplesmente aprender o modelo de negócios completo de um negócio que você não tem familiaridade. Não vá atrás dos problemas, simplesmente aprenda como o negócio funciona. Converse com os clientes. Eventualmente, você vai descobrir métodos usados que não fazem sentido ou vai observar a frustação em um gerente, por exemplo. Essas são as chaves para a oportunidade de identificar a dor e oferecer algo para resolvê-la. Eu devo mencionar, no entanto, que a chave deste processo é a seleção dos consumidores. Você precisa entrevistar o tipo certo de cliente.

Exame.com – Quais são os principais problemas das startups na sua opinião?
Caspe –
 O maior problema vivido pela maioria das startups é que os planos de seus produtos são criados a partir das necessidades e experiências do empreendedor e não das necessidades do cliente. Como tal, o empresário escolheu um cliente pobre e o marketing e as vendas serão difíceis e caros. O método que eu ensino começa com a seleção de um cliente e o produto é construído a partir daí. O objetivo principal do empreendedor é permanecer “centrado no cliente” e não “centrado no próprio ego”. O foco deve ser a necessidade do cliente, e não a do empreendedor.

Exame.com – Qual é a sua impressão sobre o mercado brasileiro de startups?
Caspe –
 Temos muitas startups brasileiras em nossa incubadora, a IEC, em Newton, e estou trabalhando com várias startups e empreendedores aqui no Brasil. Há uma abundância de oportunidades no Brasil, mais ainda do que em outros países e os empresários que conheci são iguais em talento aos melhores do mundo. Se eu fosse mais jovem (e não tivesse um novo neto, em Massachusetts), gostaria de me mudar para cá.

 

fonte: exame.com.br